Há dias recebi uma música de um amigo querido que tem se mostrado presente em minha vida da maneira mais original possível (Iabás - Saci Wèrè).
A mensagem chegou, me tirou de onde estava e me atirou nas profundezas de meu Ser, com tamanha força que nem minha incrível resistência pode deter.
Sem poder resistir, mergulhei.
No início: resistência, negação, orgulho, autossuficiência, dor, ressentimento, tristeza, em uma camada superficial, mas suficientemente resistente que, aos poucos, foi abrindo espaço, se dissolvendo e reconhecendo a doçura das intenções e as possibilidades da entrega.
Ainda com receio, como quem vai tateando um lugar desconhecido pra se sentir mais segura, ia seguindo nas águas cada vez mais profundas, deixando-me levar, aprendendo a visitar o novo e ao mesmo tempo conhecido dentro de mim.
Cada respiração abria portas muito bem trancadas, permitindo revisitar momentos vividos, dores, escolhas, aprendizados.
Apenas me permiti estar ali, buscando meu espaço de aprendiz e aos poucos aceitando ser cuidada e conduzida. Aprendendo a reconhecer e a aceitar minhas resistências, entendendo que às vezes posso me permitir o colo.
Quanto mais aceitava o colo, mais descobria minhas fortalezas.
Quanto mais espaço abria pra suavidade, mais reconhecia minha força.
Quanto mais olhava pra tudo que julgava fraqueza em mim, mais descobria o quanto fui ou sou capaz.
Quanto mais dissolvia minhas camadas duras de uma armadura que construí pra sobreviver, mais libertava minha luz, doçura ou fragilidades.
E assim, ainda vou seguindo nesse paradoxo entre meus dois mundos, querendo aprender como equilibrá-los e apresentá-los a este outro mundo, aqui fora.
Ainda estou mergulhando, mas agora bem mais leve, mais segura e curiosa.
Há presentes impossíveis de serem retribuídos. Há pessoas que chegam sem explicações e mudam tudo. Há aprendizados que chegam das mais diferentes formas.
Estejamos atentos às mensagens que essa força que tudo sabe, escolhe pra nos enviar e nos ensinar a sermos um pouquinho menos e um pouquinho mais.
Quanto mais me aprofundo e silencio, mais reconheço o mundo que no fundo sempre foi o meu próprio mundo, meu jeito de existir.
Permita-se. Apenas abra espaços em seu coração pra que nele caiba você e assim, possa incluir também os outros.
Deixe as iabás lhe ensinar, ou o nome que quiser dar.
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